Vanderson Martins, também chamado de Vandinho pela família e popularmente conhecido como Teco Martins, foi músico instrumentista, capoeirista, técnico de informática, gestor da Casa Dona Antônia muitas vezes e professor de tudo isso. Agregou o apelido de Aroeira na Capoeira Angola depois do sua primeira cirurgia contra o câncer, porque, segundo ele mesmo, aroeira inverga, mas não quebra. Viveu muitas vidas em uma só, assim como os muitos nomes pelos quais será lembrado. Nascido em fevereiro de 1972 e falecido em 25 de julho de 2022, Teco deixou uma longa lista de realizações e uma mais longa ainda de sonhos a realizar. O filho mais velho da Casa Dona Antônia e da dona Maria Lima, teve participação especial na vida de muitas pessoas, artistas e espaços, dando sempre aquele toque de excelência que era sua marca registrada, “O que fizer, faça o melhor”.
Teco foi o filho mais velho que primeiro tocou o mundo da arte e da tecnologia, a partir disso, construiu com os outros irmãos e irmãs o sonho de um espaço cultural aberto e atuante na comunidade. Sua lista de sonhos é imensa e muitos deles foram deixados para que nós continuássemos sempre com o desejo de um mundo mais consciente e acolhedor para todxs nós.
Como capoeirista, Teco desenvolveu estudos da Capoeira Angola na Casa Dona Antônia, se colocando como treinel e doando tempo e conhecimento durante os anos em que treinou alunos e alunas que tiveram seu primeiro contato com a capoeira na casa Cultural Dona Antônia.
Nosso professor acreditava que a capoeira era para todes, não importando gênero, idade, ou as limitações físicas, pois, segundo ele, a Angola é um modo de resistência e também uma conexão com a ancestralidade e com os conhecimentos antigos.
Teco entendia que tanto o jogo, quanto a musicalidade da Angola, passa por um ritual de força para quem se conecta com o ritmo e as mandingas que o esporte oferece. E foi assim que ele escolheu enfrentar o câncer e a quimioterapia desde o começo, com força, musicalidade e muita capoeira. Nossos treinos continuaram acontecendo com regularidade e com a presença dele até os momentos finais. Foi, e sempre será, o Angoleiro de valor que cantava no seu corrido aos sábados de manhã.
Além da arte, Teco Martins também ministrava aulas de formação e capacitação tecnológicas para jovens, que envolvia desde programas básicos a programas e desenvolvedores mais específicos. Os projetos "Desenvolver" o Dev.Dez tiveram sua particpação como instrutor. E também para nós,colaboradorxs do Dona Antônia, ele atuava em um planejamento chamado "Formação Continuada", onde aprendemos novos programas para lidar com as áreas de marketing, documentos e administração da CCDA, aproveitando todas as possibilidades que a tecnologia oferece. A criação de designs, acessos á ferramentas virtuais e sociais foram possibilitadas pela suas ações. Assim como os grupos que passam por aqui, sejam de artesãs ou outras artes, muito se beneficiaram das intervençoẽs feitas pelo nosso co-fundador.
Teco foi mestre de bateria do Bloco Cueca do avesso, treinando e aperfeiçoando os carnavalescos, dentre outros grupos e projetos de percussão que ajudou a montar e a executar. O mais recente deles é o grupo de formação de ritmistas denominado "Batuqueirxs" que estuda os ritmos Afrolatinos e as brasilidades da percussão no espaços do Dona Antônia. Desenvolvia ainda os programas Rede Cultural e Quarta leitura que começaram presenciais , mas se tornaram online devido a pandemia, sendo apresentados no canal Dona Antônia TV, e cujo foco é trazer arte, cultura e muita informação de qualidade para quem acessa os domínios da Casa Cultural Dona Antônia, seja física ou virtualmente. Seja com música como o Sábado Musical e o Vitrola Viva, ou com entrevistas sobre temas da nossa cultura, Teco sempre tinha algo interessante para partilhar com o público e com o nosso espaço.
Nosso sonhador mor tocava baixo, violão, vários instrumentos de percussão, incluindo o berimbau, estudava e praticava piano e cavaquinho, acroyoga, fazia meditação, plantava e observava as plantas crescerem. Fazia cursos de inglês e francês porque dentre seus sonhos estava ensinar Capoeira Angola na França e dar palestras no exterior sobre a cultura brasileira.
Tudo o que ele aprendia trazia para a Casa Cultural Dona Antônia e compartilhava com as muitas gentes daqui. Nunca achou que estivesse pronto nos muitos dons que tinha, mas se esforçava para executar com excelência tudo que se propunha.
A imagem ao lado é sua logomarca, fixada também no seu dobrão de angoleiro. O desenho apresenta uma síntese do que ele acreditava e viveu durante sua existência " a tecnologia é antena e a ancestralidade é raiz". Com uma se capta as possibilidades para o futuro e com a outra lembramos os conhecimentos que nos são passados por gerações para que o presente tenha sabedoria e significado, e junto a tudo isso a música que carrega passado, presente e futuro para todas as culturas e gerações.
xTeco martins foi muitas vezes nosso mestre de muitas maneiras diferentes, foi farol e também o vento que ajudou nosso barco a navegar e chegar até aqui. Como seus horizontes sempre foram amplos e ilimitados, contamos com todo o aprendizado que ele nos presenteou para continuar navegando e realizando boas coisas pelo caminho. A segunda casa Dona Antônia almeja contemplar muitos projetos criados por Teco Martins, e para aqueles amigxs e sonhadorxs que foram tocadxs e privilegiadxs pela existência desse camarada excepcional e gentil, convidamos para estar conosco nessa nova aventura, porque morre o homem , mas fica o sonho de um mundo melhor e mais alegre, construído com arte, tecnologia e boa vontade.
Á você, querido amigo, irmão, filho e artista amado e respeitado, oferecemos a honra de continuar suas obras. Descanse em paz por aí, angoleiro de valor, você fez muita diferença no mundo, e por aqui vamos escrevendo novos capítulos da sua Casa porque #NossoPropósitoÉCuidarDaspessoas, assim como você cuidava.
Teco Martins ★19-02-1972 †25-07-2022
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