A Arte e a Dedicação de Cel Egídio No Mercado Comum Social - MECS Dona Antônia
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A Arte e a Dedicação de Cel Egídio No Mercado Comum Social - MECS Dona Antônia


Nesse sábado 22/10 a Casa Cultural Dona Antônia inaugura seu segundo MECS ( Mercado Comum Social). E parte desse crescimento conta com as mãos mágicas da Cel Egídio, conhecida também pela sua marca Cel Turbantes. Além de cuidar das doações, separar, lavar e restaurar as peças que ganhamos, Cel também recicla o que não está em bom estado, aproveita retalhos, botões, argolas, acessórios etc, e resinifica tudo, criando desde novas peças para venda, como para a decoração da Casa.



Desde a ideia do primeiro mercado que a Cel abraçou o projeto e pegou para criar com carinho, trabalho e comprometimento. Hoje o sucesso do MECS, como um dos negócios

sociais mais rentáveis da Dona Antônia, tem como resultado uma segunda loja na nossa recém adquirida casa 2, situada no Bom Repouso, Rua José Francisco Guaracy, 73. Ela está presente na Casa 1 de quarta a sábado, chega de manhã de carona com Polly e Serginho, e vai embora na maior parte das vezes quando os trabalhos do dia estão minimamente organizados, ou seja, não tem um horário limite. Mesmo quando está em sua casa, Cel Egídio está criando e costurando novidades para o Mercado. E ainda tem energia para batucar, fazer aulas de música e Capoeira Angola no espaço cultural.

Mas o que move a força dessa mulher na direção das causas Dona Antônia? Bem, nesse texto de hoje, vamos tentar ver o mundo pela perspectiva dessa heroína solidária.

Para as mulheres viver sempre foi sinônimo de luta. Lutar contra os abusos, contra a opressão, lutar por suas próprias escolhas. Enquanto para a maior parte dos homens a vida já vem com privilégios garantidos, para nós, mulheres, o caminho já vinha traçado a obedecer as vontades de algum homem, primeiro o pai, ou o irmão, até o tio, e depois o marido. Para as mulheres negras então, a luta começa pelo direito á viver. Exploradas de todas as formas, discriminadas, mal tratadas, ocupando um lugar na sociedade que retirava delas a própria humanidade, eram vistas como objetos das fantasias sexuais masculinas, como empregadas sem salário em casas de famílias abastadas ou como animal de carga destinadas a fazer o serviço pesado ou os trabalhos rejeitados no mercado de empregos. De todas as formas e ângulos, a bem pouco tempo atrás, ser mulher negra era suspeita de miséria e muito esforço para garantir o básico da sobrevivência. Amar, então, um sonho romântico que resultava quase sempre em ser abandonada com muitos filhos para criar sozinha, e, mais uma vez, no julgamento pesado sobre a sexualidade feminina, seja ela sua escolha ou não. O fato é: nunca fomos livres.

Até que mulheres como Cel Egídio, que mesmo com medo, mesmo ameaçada pelo companheiro, mesmo com traumas dos bullings e preconceitos sofridos na sua história, toma as rédeas da própria vida, carrega os 5 filhos na cacunda e resolve que sua escravidão acabou. A partir do momento que essa negra vira a chave, ela começa a escrever uma nova história não só para ela, mas para as filhas e para outras milhões de mulheres que revivem e sobrevivem sob uma pancada de limitações sociais, inclusive podadas e afastadas de uma cultura que lhes reconheça, a inteligência, a beleza, a história e a força de serem quem são. Cel fincou seus pés nas suas raízes e bebeu da liberdade na fonte da sua própria ancestralidade. Depois de se demitir de empregos que não queria, se formou em serviço Social, fez parte do corpo do Conselho Tutelar de Betim, entrou para o Movimento de Igualdade Racial Betim Cor Brasil, desenvolveu sua própria marca de turbantes e acessórios com referências na moda afrobrasileira. Hoje sabe seu valor e vive segundo seus próprios termos, além dos filhos e filhas, cria também os netos. O caminho ainda é árduo e desafiador, mas ela ergue a cabeça todos os dias, veste seu turbante, enfrenta os conflitos e ajuda o mundo a ser um pouco melhor e mais bonito. Ela acredita na vida, trabalha a favor dos sonhos, não só os dela e da família que ela cuida, mas também a favor dos sonhos de centenas de pessoas que ela escuta e tem sempre palavras fortificantes para oferecer. Cel é uma mulher de fé. Ela tem fé nas energias benéficas que guiam a humanidade, tem fé na sua arte, tem fé nas pessoas e nas ações coletivas quando feitas com generosidade e amor.

Assim como todes que prestamos serviço á CCDA , parte do nosso tempo é doação, mas do trabalho desenvolvido na Casa Cultural Dona Antônia também é de onde vem uma parte da renda que compõe nosso orçamento doméstico. Quando o projeto cresce, todes crescemos juntes. Ou seja, cuidar das pessoas é também cuidar de nós mesmas. O trabalho com o MECS é uma parceria entre Dona Antônia e a marca Cel Turbantes, assim como com outras marcas do mercado de artes. Ao mesmo tempo que recebemos formação, apoio, divulgação e estrutura para ampliar nossas vendas e vencer as limitações, também colaboramos para que mais pessoas se beneficiem do trabalho conjunto realizado na Casa Dona Antônia. E Cel Egídio traz todos esses valores nas suas mãos, no dia a dia e nos momentos de dedicação que, sempre com um sorriso e com muita esperança nos olhos, transmite a tudo que faz e a todes que a cercam. Quando assumimos que #NossoPropósitoÉcuidarDasPessoas, assumimos também a importância da nossa história de vida, aprendemos com as vivências e valorizamos as escolhas de cada indivíduo. Um bom lugar se constrói com humildade, como já disse o saudoso rapper Sabatoge, e nesse quesito, Celmaria Egídio se multiplica fartamente construindo sempre bons lugares para depositar nossos sonhos e colhermos solidariedade. Cel Egídio, receba o reconhecimento de toda a equipe Dona Antônia, não só pelos valorosos serviços prestados, mas também pela força e beleza de ser quem você é nas nossas vidas. Gratidão

Para conhecer mais do trabalho da Cel Turbantes acesse o Instagram @celturbantes ou vá a uma das lojas MECS Dona Antônia. Sua visita é sempre um prazer.

#AquiCabeTodoMundo e agora cabe ainda mais.


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