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SENHORAS DO HARÉM ENFEITIÇAM A NOITE NA CASA DONA ANTÔNIA COM DANÇAS ORIENTAIS E RELEITURAS OUSADAS

Atualizado: 10 de jul. de 2022


No sábado (04/06) o quintal da nossa Casa Dona Antônia se encheu de encanto, música árabe, toda malemolência e talentos das maravilhosas Senhoras do Harém. O grupo apresentou danças orientais tradicionais como Dança do Ventre, uma diferente dança egípcia chamada Meleah Laff, houve dança com candelabros entre muitas outras e uma ousada e emocionante apresentação do casal Ladinha e Erimar (homem convidado excepcionalmente para essa coreografia), misturando dança do ventre com bolero. Cada uma das apresentações contou sua própria história e trouxe informações a respeito das danças, personagens históricos e seus devidos contextos.

O grupo se reúne há 20 anos, mas foi a partir de 2010 que fixaram o nome Senhoras do Harém e atualmente é formado por 16 mulheres entre 40 a 75 anos. . São quase todas de Betim e mesmo frequentando academias de dança para aperfeiçoar os movimentos, as integrantes desenvolvem, na maioria das vezes, suas próprias coreografias e figurinos. O Chá Árabe é um evento que as Senhoras do Harém produzem nas casas umas das outras para apresentar suas coreografias, mas esse mês escolheram a Casa Dona Antônia para acolher as apresentações. O motivo, segundo a professora Luiza, é que quando se recebe pessoas no próprio lar, a dançarina geralmente não consegue focar apenas na dança, pois se preocupa em organizar o espaço, receber e acomodar as convidadas, e em providenciar o bom andamento do encontro. Para elas estar no Dona Antônia ofereceu a despreocupação necessária para focarem apenas na dança, assim como o aconchego para si e os convidados e puderam abrir o evento para que mais pessoas apreciassem, uma vez que o costume é que as apresentações do Chá Árabe ( evento periódico) aconteçam apenas entre elas, pois o objetivo do grupo é a realização pessoal e o desenvolvimento da percepção corporal própria.



Eu conversei com algumas integrantes das Senhoras do Harém, Tereza Rodrigues, Solange, Regina, Vilmice, Ladinha, Otília, e a professora de dança Luiza Mansur e pude ouvir delas mesmas um pouco da história do grupo desde a sua formação em 2001 nas aulas de dança do Sesi Betim. Essas mulheres incríveis começaram a dançar com a professora Grace de Divinópolis e sua filha Luciana, na época eram 8 Senhoras acima de 40 anos que se propuseram a fazer dança do ventre como uma autorrealização. A proposta do grupo desde o início é um círculo de convivência onde as integrantes se sintam acolhidas e onde possam compartilhar as semelhanças e particularidades de cada uma. A idade nunca foi um critério para estar no grupo, mas apenas foi acontecendo e por coincidência as interessadas são senhoras e se vinculam por afinidade. Aliás, segundo elas mesmas, a escolha do nome Senhoras do Harém, muito diferente da conotação machista adotada pelo ocidente, se refere a um espaço feminino, sagrado, em que as mulheres trocam entre si seus conhecimentos, anseios, talentos, despertam suas belezas . Na cultura árabe o harém é onde a mulher está protegida junto às outras, onde encontra acolhimento, conselhos e um universo que só pertence a elas mesmas. É com esse propósito de acolher e se fortalecer que o grupo resiste há mais de 20 anos. Entre chegadas e partidas essas Senhoras dançarinas desenvolvem muitas outras habilidades, como conhecimento musical sobre a música de outras culturas, contextos históricos que acompanham o desenvolvimento da arte da dança pelo mundo, percepção de espaço, noções de artes manuais como costura e enfeites, maquiagem, penteados, também trabalham e expandem a memória a partir dos exercícios de sequência e ritmo, além da adaptação de tecnologias e técnicas de vídeos para produzirem os próprios registros dos encontros. E é claro, tratam entre si dos males que ás vezes acometem uma ou outra, como depressão ou mesmo algum problema físico, como foi o caso de uma das integrantes, Marli, que voltou a andar normalmente após um acidente, e mesmo fazendo uso de bengala, recuperou os movimentos ensaiando com o grupo as coreografias de rotina. As Senhoras relataram que várias vezes se acolheram para superar problemas pessoais e as próprias limitações físicas. A existência do grupo auxilia ainda na lida da rotina com família e trabalho ( a maioria delas é professora da rede pública de ensino), dançar possibilita acessar os muitos universos que a dança produz. Elas não têm pretensão profissional e estão longe das disputas e conflitos que o mundo impõe entre as mulheres, assim como não visam conquistar nenhum espaço além dos quais já pertencem a elas mesmas. São donas de si e de seus ricos dotes.



O ambiente alegre que as Senhoras preenchem com suas risadas e histórias não pode ser reproduzido nesse texto, mas fica registrado que a felicidade delas é profunda e contagiante. É possível absorver todo o encanto da aura que elas emanam apenas estando reunidas em um só lugar. É como se só em vê-las a gente sentisse também que faz parte de algo maior, que não estamos sós, e que toda mulher é cheia de encantos e talentos.

O grupo mostra uma vivacidade e criatividade inspiradoras, provando mais uma vez que um corpo em movimento não tem idade nem limites. Foi esplêndido, encantador, motivador assistir o espetáculo dado pelas Senhoras do Harém. Desenvolvendo seus movimentos de forma suave e faceira, o corpo todo dialoga com o mundo. Cada uma delas parecia saber exatamente qual mensagem estava passando para o público. A sensualidade da mulher madura foi mostrada e honrada, não como um produto a ser adquirido, mas como atitude a ser admirada. Cada gesto era um convite aos mistérios do feminino e à sabedoria do corpo que sabe que se empoderou e que o mundo não pode mais oprimí-lo nem condená-lo. Essas Senhoras dançam a beleza e com ela transformam seus próprios mundos em possibilidades e conquistas. O poder pessoal de suas danças é um lembrete de que podemos, ser, ter e fazer o que desejarmos, pois temos um corpo cheio de encantos e força, seja em qual estágio da vida estivermos. É você, sou eu, somos nós quem determinamos e aceitamos ou não até onde e até quando vão as nossas realizações, e principalmente, para quem elas estão voltadas.


Dançar é libertador, e foi #BomEstarNoDonaAntonia para viver esse momento. As Senhoras do Harém não têm páginas na rede social, pois como dito acima, a dança é para admiração mútua, felicidade e autoestima delas mesmas. Mas para quem se interessar por mais informações, a professora Luiza Mansur é quem atualmente acompanha o grupo e ajuda a desenvolver as danças, ela pode ser encontrada pelo instagram @luizaemmovimento ou nas tardes de sábado no Centro Cultural Dona Antônia, porque afinal, #AquiCabeTodoMundo.

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